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Desafios da comunicação socioambiental.
Imagens assustadoras se intercalam. Fábricas somem em meio à fumaça, enquanto pessoas usam máscaras hospitalares. Peixes e aves boiam mortas em águas sujas pelo derramamento de petróleo. Lama tóxica de mineração se espalha pelo solo e rios.
De duas, uma: ou o público se sente desesperado em meio ao caos, ou considera tudo muito exagerado para ser verdade. De qualquer forma, o resultado é similar, a apatia ou o descaso. Quando não há diálogo e soluções para um chamado à ação, a divulgação do conteúdo socioambiental é um desafio.
As primeiras barreiras surgem logo no momento de vender a pauta. É comum que a agenda positiva e cotidiana das organizações socioambiental — em aquelas que se referem a eventos e dados de pesquisa — não se enquadram nos critérios de noticiabilidade. Valor-notícia são os critérios que transformam acontecimento do dia em dia em conteúdo relevante para ser divulgado nos meios de comunicação. O Mauro Wolf nos lembra de alguns desses filtros: o fato deve ser incomum, ter proximidade com o público, gerar impactos, possuir desdobramentos futuros, envolver indivíduos de alto nível hierárquico ou um número grande de pessoas.
Nessa perspectiva, são as tragédias anunciadas e os desastres naturais que possuem potencial para virar notícia ou ganhar as diferentes telas. Não sobra muito espaço para mensagens de prevenção e transformação.
A rejeição aos temas socioambientais aumenta e nos tornamos os “ecochatos” e os “biodesagradáveis”. Por um lado, o público pode se sentir constrangido diante de novas práticas e hábitos mais sustentáveis, que antigamente não eram uma preocupação. Por outro lado, a aversão cresce e a busca é por fontes que possam desacreditar as mensagens ambientais.
Logo, a definição da abordagem e das estratégias são fundamentais para gerar empatia e engajamento. A Forest opta por traduzir assuntos e linguagens complexas para uma leitura agradável e de fácil compreensão, inspirando indivíduos e a sociedade. O jornalista ambiental Victor Bacchetta, no livro “Cidadania Planetária – Questões e desafios do jornalismo ambiental”, defende que a comunicação precisa desenvolver a capacidade de participação das pessoas em processos de tomada de decisão nos temas que envolvem nosso dia a dia.
As escolhas não precisam ser grandes. É o consumidor que prefere produtos da agricultura familiar ou alimentos que não geram desmatamento. Nesse caminho, temos peças de design produzidas para o projeto Redes Socioprodutivas do Instituto Centro de Vida (ICV) e a campanha “Tome Conta!” sobre o Código Florestal, realizada para o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). Nessa campanha, as divas do feminejo cantam em prol das reservas ambientais e da transparência no campo.
Outro exemplo são os nossos cartões digitais e animações nas mídias sociais do projeto Água para o Futuro. Falamos sobre segurança hídrica e a preservação de nascentes. O conteúdo é didático e envolvente com os personagens que representam a cultura cuiabana: o jacaré-paguá e o socozinho.
A empatia é essencial para conquistar o público e transmitir a mensagem. Vamos a campo, conversamos com beneficiários e tentamos entender os problemas dos clientes. Experiência, técnica e engajamento resultam na força para enfrentar os desafios da comunicação socioambiental. Compramos essa briga com nosso parceiros: novas mensagens, narrativas, canais e, principalmente, soluções para levar a pauta socioambiental cada vez mais longe.