Wagner conhece Judimar e Laudir na sede da OIT (Foto: Amanda Fernandes)
Quando o influenciador compartilha o seu holofote, conhecemos histórias impactantes de anônimos
Os passos tímidos chegam à sede da OIT (Organização Internacional do Trabalho) na capital, Brasília. A primeira viagem de avião. A primeira vez fora de Mato Grosso. Aos poucos, conhecemos as vidas dos quatro trabalhadores: Judimar Júnior, Laudir Oliveira, Durval da Silva e Rafael da Silva. As histórias de exploração têm finais felizes e muito futuro pela frente. No ar, sentimos a expectativa do encontro com o ator Wagner Moura, também embaixador da luta contra o trabalho escravo.
Naquela tarde de maio, poucos dias antes da data que seria de comemoração da abolição da escravatura, Wagner senta com quatro trabalhadores resgatados da escravidão. A gravação começa com o Wagner contando suas próprias experiências. Não aquelas como ator, cineasta ou celebridade, mas sim as do menino no interior da Bahia, testemunha de situações degradantes que vários trabalhadores enfrentavam para sobreviver. É assim que ele assume seu posto de entrevistador: deixando de lado a persona, conhecida internacionalmente por papéis como o de Pablo Escobar na série Narcos, para mostrar sua trajetória no mundo real.
Além de oferecer segurança, Wagner dá a oportunidade para que Judimar, Laudir, Durval e Rafael, até então anônimos, sejam o centro das atenções às quais o ator está habituado. O espaço se abre para Rafael apresentar sua trajetória de superação. Ele, que dormia sob um barraco de lona e comia com os bichos, fala sobre as condições precárias que enfrentou. A voz de Durval também se faz ouvir. Ele viu seu colega cair morto de exaustão e, graças aos parceiros envolvidos na produção do vídeo, deixou a instabilidade do trabalho na feira por um emprego em uma grande empresa agrícola.
Os resultados de um vídeo como esse são inesperados, pois as imagens podem chegar a qualquer canto do mundo e atingir as pessoas numa reação em cadeia. “As pessoas não acreditam mais em propagandas. Elas acreditam em outras pessoas”, afirma Marcelo Coutinho, Diretor de Análise e Mercado do IBOPE Inteligência. Se antes a informação era detida por um grupo, hoje o poder de comunicar já passou para as mãos do público. A tese é da doutora em Ciências da Comunicação Carolina Frazon e pode ser comprovada quando o Wagner Moura divulga a pauta do combate ao trabalho escravo para a sua grande base de fãs, tanto no mundo do entretenimento quanto nas mídias sociais. Ele desperta o desejo em outros internautas de divulgar essas histórias, valorizando a estrutura de redes com hubs (grandes nós).
Por outro lado, o Wagner transcende o meio digital quando leva o vídeo para outros suportes, como a TV. A exibição do vídeo no programa Conversa com Bial se torna mais um ponto de transmissão e ajuda a levar a mensagem para um público ainda maior.
E você, onde estão os seus nós? Quais influenciadores você ouve? A Forest tem a importante missão de ampliar o debate socioambiental. Com o apoio da OIT e do Wagner Moura, o céu é o limite!