A partir da comunicação socioambiental, a agência traduz para o público as causas defendidas por organizações do terceiro setor
“As questões socioambientais não são cruciais na vida das pessoas até que elas sejam afetadas.” A constatação é da diretora comercial da Forest, Amanda Fernandes, que revela a complexidade da comunicação socioambiental.
A pesquisadora Vivian Smith – com tese de doutorado pela USP sobre comunicação, governança e sustentabilidade – enxerga duas abordagens possíveis para a prática. A primeira é a comunicação ambiental, que nos permite entender a relação entre os seres humanos e a natureza. O termo compreende iniciativas para educar e mobilizar.
A comunicação da responsabilidade social corporativa é a segunda abordagem e visa a transparência e a prestação de contas. A intenção é consolidar a reputação das organizações face ao público. Nesses casos, há o risco da “irresponsabilidade social”, quando a proposta é somente controlar o relacionamento com os diferentes segmentos do público e evitar ameaças.
Uma alternativa é a perspectiva da comunicação socioambiental. A prática promove o efetivo diálogo entre as empresas e o público, podendo transformar processos produtivos que impactam o meio ambiente. O engajamento comunitário se torna fundamental para a comunicação socioambiental.
Foi o engajamento e o desejo de influenciar nas políticas públicas que levaram Amanda a ingressar no universo da comunicação e da educação ambiental. A primeira experiência, no início dos anos 2000, foi com o Coletivo Jovem, grupo informal para pensar o meio ambiente e propor projetos de melhoria da qualidade de vida. A desenvoltura para falar em público estimulou ainda mais a proximidade da então estudante de biologia com o campo da comunicação socioambiental. O tema mais debatido na época era a lei do zoneamento ambiental de Mato Grosso.
As pautas ambientais, com destaque para as questões indígenas, também faziam parte da vida de Thiago Foresti, o atual diretor de criação da Forest. O olhar de jornalista do Thiago – que se assume como um intérprete para tornar acessíveis assuntos difíceis – se uniu com a formação acadêmica da Amanda – que demanda o aprofundamento para melhor entender causas e consequências. O resultado foi a criação, em 2011, da Forest, especializada na comunicação socioambiental.
Para a Amanda, os clientes buscam a agência por confiarem que a equipe entende as pautas do terceiro setor. O papel dos produtores de conteúdo é dar visibilidade a assuntos multifacetados, tradicionalmente estampados nos jornais a partir do viés da economia e do desenvolvimento. Em vez disso, a Forest aceita o desafio de explicar esses temas sem dividir o mundo entre o bem e o mal. A questão que acompanha todos os trabalhos da agência, segundo Amanda, é “como a gente pode apresentar soluções e olhares diferentes para temas complexos e nebulosos?”.