A prática de storytelling contribui para a comunicação organizacional, produzindo e transmitindo conhecimentos
“O olhar não fala, mas gagueja.” A expressão, repleta de sabedoria popular, foi citada em meio às 2 horas e meia de viagem de Ribeirão Preto (SP) para Frutal (MG). O motorista da vez e estudante de Administração da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), Luciano Mendonça de Castro, contava causos das palestras que assistiu sobre neurociência e marketing. Foi, então, que lembrou do papel do olho e de elementos visuais para a comunicação. A compreensão sobre o olhar seria muito importante nesta viagem da Forest Comunicação para exibir o documentário “O Complexo” durante o Congresso Regional de Integração de Saberes.
O evento de extensão abriu as portas da unidade de Frutal da UEMG para a sociedade local e nacional, se apropriando das ideias de Paulo Freire. “Não há, realmente, pensamento isolado, na medida em que não há homem isolado”, afirmou o educador no célebre livro “Extensão ou Comunicação?”. Além da Forest, participaram de debates a produtora Do Rio Filmes com o documentário sobre a tragédia ambiental do Rio Doce e os comunicadores da Mídia Ninja. Neste cenário de reflexões e abordagem de diferentes conflitos, a Forest apresentou um filme independente e autoral, que reúne diferentes olhares e parceiros, como o Fórum Teles Pires, para contar a história do complexo de hidrelétricas construídas e planejadas para a bacia do Alto Tapajós.
O público foi pequeno, mas a história contada sensibilizou e comoveu. A narrativa revela os gastos de 3,3 bilhões de reais para a construção da Usina de Teles Pires, cuja licença prévia estipulava 28 condicionantes que deveriam ter sido cumpridos para evitar impactos ambientais e rupturas com os povos indígenas. Na plateia, uma das participantes manifestou seu espanto com as obras que passam por cima dos direitos mais básicos dos seres humanos, como a vida.
Perceber as reações e responder às perguntas dos estudantes serviu para a Forest sistematizar as informações, aprender com o diálogo e gerar novos conhecimentos. Segundo José Cláudio Terra, consultor da gestão do conhecimento, o storytelling é uma maneira de perpetuar diariamente os valores da organização, de forma espontânea ou deliberada. Se antes as histórias eram contadas de cima para baixo nas organizações, com o avanço dos meios digitais, as narrativas são criadas por todos e podem atravessar o mundo em poucos segundos. É contando com este potencial das redes digitais que o trabalho da Forest pode se potencializar apresentando diferentes realidades, gerando o debate e contribuindo para a transformação socioambiental.