Ele pode ser bravo, bem-humorado ou “viajadão”

O personagem cria empatia e abre um canal de diálogo entre o público e a marca

 

Humanizar a mensagem, transmitir sensações e chamar a atenção como um garoto-propaganda. Estas são algumas das funções do personagem ou mascote, segundo Karen Soarele, especialista em “Comunicação: linguagens, construção textual e literatura”. Karen, que também gerencia um estúdio de ilustração, exemplifica a importância desta estratégia com o Banguela do filme “Como treinar seu dragão”. Na animação, os criadores se inspiraram nos animais de estimação para gerar as feições e o comportamento do dragão.

“O personagem se torna um porta-voz e cria vínculos de uma forma especial”, explica o designer e ilustrador da Forest Comunicação, Renato Moll. Afinidade e empatia são elementos essenciais para a marca se aproximar do público e conversar na linguagem própria daquela comunidade. Este é o caso da Maiara, personagem recentemente apresentada aos fãs do Facebook. A jovem traz dicas de consumo conscientes e de práticas sustentáveis no estilo faça você mesmo – ou DIY pela sigla em inglês. “A gente criou um personagem para falar diretamente com o público e pela empresa, sem ser um funcionário”, exemplifica Renato.

Para Karen, um dos aspectos mais importantes no planejamento são os destinatários. Afinal, eles agem como coautores e alteram o sentido da mensagem de acordo com a sua visão de mundo. Além do público-alvo e da faixa etária, Renato procura entender as características físicas, a personalidade, o suporte e as referências visuais para a mascote. O personagem pode ser terráqueo ou marciano, por exemplo. O seu humor pode variar entre bravo, bem-humorado ou “viajadão”. Ele pode aparecer em uma história em quadrinho, desenho animado ou ilustração.

Maiara dá dicas de faça você mesmo para os fãs da Forest (Imagem: Renato Moll)

O levantamento das informações e o estudo das referências visuais ajudam na definição da mensagem e na compreensão do motivo para criar o personagem. Karen defende que a mascote não é apenas um desenho “bonitinho”, mas um investimento que prevê algum retorno para a marca. Para Renato, a estratégia serve para o diálogo e é importante verificar se a mensagem que se deseja passar é efetivamente transmitida.

“A Maiara é pura mensagem.” Renato lembra do nome do personagem, inspirado no Tupi-Guarini e significando “avó” para valorizar a sabedoria. A jovem deve aparecer quinzenalmente no Facebook da Forest para ensinar práticas sustentáveis. A informação útil é aliada ao relacionamento da Maiara com o público. “O desenho é uma forma dela existir, mas o personagem vai se efetivar pelo conteúdo que ela ensinar.” A esperança de Renato é que a Maiara se sinta à vontade na internet – o mundo do faça você mesmo – e que as pessoas lembrem da porta-voz da Forest quando embarcarem em uma experiência de DIY.